Aparentemente, não seria necessário voltar ao assunto mas, na realidade, é. Porque continuo a ouvir, a pensar, a estudar a vida na Escola.
Estava tudo, quase tudo, aparentemente sossegado e, por conta do recente Congresso do PSD, a questão voltou a ser tema. Refiro-me à disciplina de Cidadania que tem, assim dizem, um programa polémico. Começou a ser leccionada no ano lectivo de 2018-19 e, desde então, tem provocado algum ruído, acrescido depois do citado Congresso.
Na minha opinião, a Escola deveria tratar outros problemas mais difíceis de resolver e este, como quase sempre, ficaria, quase só, ao critério de cada Professor. Porque, tal como diz o actual Ministro da Educação, é preciso tornar a função de cada Professor “mais activa e mais simples”. Assim, esta questão que ainda não foi resolvida, não facilita, pelo contrário, agita os alunos, os pais e encarregados de educação, os professores sobretudo.
Para o ministro, a disciplina Cidadania e Desenvolvimento, tem de continuar… Se assim é, o problema parece também continuar mesmo que a disciplina em causa não seja consensual… Diz-se que o Governo tem em mãos uma revisão das aprendizagens e, pelo que sei, há matérias, sobretudo nos primeiros anos de escolaridade que perturbam o processo de ensino-aprendizagem. Nos tempos que correm, parece-me que tudo, quase tudo se resolveria mediante a capacidade de cada Professor querer ou poder aliviar as questões, os temas aparentemente mais complexos que o programa propõe…
Para mim, que nunca tive de tratar ou estudar com os alunos essas temáticas, seria tudo mais simples se os assuntos/temas a tratar fossem adapatados à idade e/ou aos interesses da generalidade de cada turma. Esta é uma disciplina que deveria ficar ao critério das Escolas e dos Professores. Sempre houve matérias complexas, sempre foi possível adaptar os programas ou parte dos programas aos interesses ou capacidade de análise de quem ouve e quer aprender… Então não foi sempre assim na disciplina de Português, por exemplo? Quem não se lembra como era leccionado o poeta Camões, Os Lusíadas, por exemplo? Quantos professores deixavam para trás o Canto IX e a célebre Ilha dos Amores, para quem, para muitos professores era uma espécie de “bordel de marinheiros e ninfas” e, para outros, tantos, onde me incluo, um Prémio para os valentes navegadores… Uma espécie de iluminação espiritual, entendida e vivida como corolário de satisfação. Para os marinheiros, naturalmente.
Afinal, estes programas que podem levantar polémica têm de ser tratados de modo especial. Só isso!
Há, de certeza, temas na disciplina com muito interesse para os jovens… Onde está o mal em falar dos direitos humanos, da igualdade de género, da educação ambiental ou da saúde sexual e reprodutiva?
É claro que cada professor tem de estar preparado e, acima de tudo, tem de gostar do que está a fazer… Esse é que é o grande problema! Então, se os professores não querem ou não gostam de temas aparentemente mais polémicos, das duas, uma: a referida disciplina ou partes do programa poderiam ser facultativos, porque não? A respectiva avaliação poderia ser apenas qualitativa ou mesmo desaparecer. Por outro lado, simplificando, a disciplina poderia ser opcional como a Religião e Moral católicas que, a meu ver, já tinha acabado há muito…