A Clínica do Pé Diabético da Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa (ULS-TS) abriu portas há seis anos e, durante este período, o serviço realizou mais de 31 mil consultas que permitiram tratar milhares de doentes de forma diferenciada e multidisciplinar e colocar o hospital entre aqueles que têm as mais baixas taxas de amputação do país.
Com uma equipa composta por duas médicas especialistas em cirurgia geral, duas podologistas, duas enfermeiras especializadas e uma assistente operacional, a Clínica do Pé Diabético da ULS Tâmega e Sousa foi a primeira clínica do Serviço Nacional de Saúde a ser criada em ambiente hospitalar, dedicada exclusivamente aos diabéticos e doentes que sofrem de pé diabético.
Ao longo de seis anos, a Clínica, que contempla consultas médicas e de enfermagem, de podologia e tem ainda sala de tratamentos e um laboratório de suportes plantares, tratou milhares de doentes e realizou mais de 31 mil consultas, das quais 5.800 no ano de 2023, ano em que foram efetuadas mais de seis mil técnicas complementares de diagnóstico.
Segundo Maria Jesus Dantas, cirurgiã que venceu o Prémio Bial Medicina Clínica 2016 e médica coordenadora da Clínica do Pé Diabético da ULS-TS, o sucesso deste projeto deve-se ao facto de permitir aos utentes “desfrutarem de cerca de 14 valências no mesmo lugar e ao mesmo tempo”, dando-lhes “respostas para os seus problemas, mesmo que não sejam diretamente relacionados com as feridas”. “E mais do que isso. Os utentes têm uma consulta aberta onde podem acorrer diariamente e são vistos”, acrescentou, destacando o “extraordinário sentido de compromisso da equipa que acompanha este serviço, desde médicos a enfermeiros, passando pelos auxiliares”.
A estes fatores alia-se a articulação da atividade da Clínica com a hospitalização domiciliária e o hospital de dia, que, para Maria Jesus Dantas, “é fundamental para evitar muitos internamentos hospitalares, que acabam por implicar um esforço acrescido para o utente e para os profissionais de saúde”.
Também Henrique Capelas, Presidente do Conselho de Administração da ULS-TS, apontou o serviço como “o exemplo perfeito de como uma maior integração de cuidados e um cruzamento de várias disciplinas médicas, hospitalares e não hospitalares, permite tratar mais eficazmente o utente”. Esta prática, segundo o administrador, torna a região do Tâmega e Sousa, que agrega mais de 500 mil habitantes, “um exemplo no tratamento do pé diabético pela sua capacidade de diferenciação no atendimento aos utentes”.
As consultas na Clínica do Pé Diabético chegam a reunir 14 especialidades médicas. Em casos com uma avaliação mais complexa, podem estar envolvidas áreas como a cirurgia, ortopedia, fisiatria, podologia e enfermagem. A Clínica tem consultas dedicadas de endocrinologia, infeciologia, psicologia, psiquiatria e, diariamente, cirurgia vascular e consulta aberta para os casos urgentes. O serviço tem também a única consulta de podo-pediatria para crianças diabéticas do país.