É isso! Mesmo que o mês esteja a acabar, a mensagem deve continuar…
O feriado deste ano foi mais agitado do que é costume, em Lisboa. Foi longa a massa humana que se avistou durante o dia, bem expressivo o número de pessoas que decidiram juntar-se às celebrações. Terá sido o maior número de manifestantes dos últimos anos num 25 de Abril… Concentrações políticas, movimentos vários, associações… a data de comemoração de Abril esteve em força nas ruas e, para isso, o efeito Lula da Silva também contribuiu.
Na sessão solene da A. R. houve recados e alertas, mais ou menos esperados. No segundo ano de mandato, o discurso do Presidente Marcelo terá sido elogioso. Saudou Portugal por ser um “país sustentável” e “em paz”, capaz de resistir à nova vaga populista. De uma forma acertada, virou-se para os problemas dos jovens e, em simultâneo, exigiu “mais ambição” para se responder a problemas como o envelhecimento demográfico, as desigualdades, as alterações climáticas, sem descurar o crescimento da economia e a maior ou menor justiça no repartir… Tudo muito bonito, muito a ver com as questões sensíveis da actualidade… E depois?
Não foi só o Presidente Marcelo que falou. Outros, que tiveram também a oportunidade de dizerem coisas bonitas num dia que é, para muitos, um dia especial, criticaram, ou não, o fascismo e abordaram uma luta, de muitos, contra o Estado Novo. Falaram, à distância, da luta pela liberdade e tentaram, também à distância, que tudo fizeram para dizerem hoje, 25 de Abril Sempre!
Para muitos, para alguns dos que falaram publicamente, o 25 de Abril é ainda uma data estética onde vão colher aquilo que lhes interessa e dá jeito, quase ignorando o resto, isto é, a sua essência, o seu verdadeiro significado.
Para muitos, é sempre fácil celebrar qualquer coisa…
Todos querem, hoje, um país onde seja fácil viver, onde seja possível vingar… Muito do que se disse e da análise que consigo fazer, sinto que começa a perder-se a matriz do que defendem e que muitas das palavras ditas têm pouco que ver com o verdadeiro 25 de Abril…
Fala-se muito da liberdade mas a liberdade de que falam é muito mais colectiva e material. Não existe liberdade sem “paz, pão, habitação, saúde, educação…” e essa mesma palavra não serve, de certeza, para tudo e para todos.
Eu também me posicionei contra a ida de Lula à A.R. no 25 de Abril por conta das suas declarações relativamente à Guerra na Ucrânia e não só. Hoje. Outros como eu, não acreditam na celebração de alguns pelo fim do fascismo e muitos dos aplausos que se ouvem não me convencem. Para já, neste Abril que celebro há muitos anos, que sinto poder comemorar verdadeiramente, retomo as palavras de Natália Correia que releio e volto a sublinhar : “Libertem a liberdade.” Ainda, porque tenho em mãos a sua longa Biografia, permitam-me que aproveite uma vez mais as suas palavras e que, oportunamente eu transcreva: “Os prémios não se agradecem nem se desagradecem…”. Todos os que são premiados, em Maio ou Abril, se o são, é porque lhes devemos algo importante. E, se nessa dádiva também está a liberdade, a nossa gratidão terá de ser enorme!…