Levantei-me cedo, em Penafiel, onde moro. No meu carrito lá me dirigi ao Porto. No Porto, juntei-me a umas quantas outras pessoas com o mesmo objetivo que eu e partimos para Lisboa.
Mais volta, menos volta e fomos parar à Avenida da República, em frente às instalações da ASF (Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões).
Éramos umas quantas dezenas…
As dezenas que ali estavam presentes representavam uma quantas centenas, talvez milhares, de reformados (ou situações similares) … A vida de reformado nem sempre é fácil, quer por condições físicas, quer por condições financeiras. Por isso, e tratando-se de antigos profissionais de seguros, era significativo o número de presentes.
Olhei em redor… Não estava ali. Uma entidade que todos os meses está presente na minha fatura da eletricidade não estava ali. Tantos anos decorreram de pagamentos mensais para a TV pública e, agora que ela me podia agradecer toda a minha vida de contribuições, não se deu ao trabalho de estar presente. Ela resolve parte do seu problema financeiro à custa daqueles que ignora nos momentos em que eles mais precisam dela… É a vida!!!
Claro que a manifestação teve de ser em Lisboa… no resto do país o que acontece não existe… e mesmo em Lisboa o que acontece, mas que a TV não esteve presente, também não existe. A cidadania é, realmente, um conceito criado pelas elites. Claro que se nos chamássemos “Lesados de um qualquer banco”, não estaria presente uma TV… Poderiam até estar mais repórteres que manifestantes…
Se nos bancos as pessoas fizeram os seus depósitos, nos seguros as pessoas “construíram” melhorias de reformas…
As seguradoras são as responsáveis pela gestão desses Planos de Reforma… Mas, porque surgiram duvidas, deixaram, “pelo sim, pelo não”, de transferir o dinheiro para os planos. As seguradoras pediram o apoio da sua entidade de Supervisão…, mas já lá vão anos e as solicitações não receberam qualquer resposta.
– “Senhores” Supervisores: é assim tão insignificante, para Vós, a legitima preocupação dos pensionistas com o dinheiro que têm ao cuidado das seguradoras?
– “Senhores” supervisores: têm noção que já há trabalhadores que foram para a reforma e não receberam esse dinheiro que, pelo acordado em CCT, é seu?
– “Senhores” Supervisores: devemos estar preocupados com o que está a acontecer com este dinheiro que, sendo dos pensionistas, está na mão das seguradoras?
E no final do dia lá regressei ao Porto… e depois a Penafiel…
Só não vi, da RTP, um estafeta que fosse, armado de um simples telemóvel, a recolher uns escassos segundos de imagens porque é este o nosso valor: “pagar e calar”.