Mais de duas dezenas de profissionais de saúde do Hospital Padre Américo, em Penafiel, fizeram greve esta terça-feira, reclamando melhores condições de trabalho no serviço de urgência do hospital. Segundo porta-vozes, existem dezenas de doentes internados nos corredores do setor de urgência do hospital.
Em declaração aos meios de imprensa regional presentes no local da manifestação, referem que o problema é recorrente e o cenário atual “é de guerra”. Segundo uma das representantes, ainda hoje se encontravam internados no setor de urgência cerca de 60 utentes, cujos familiares foram impedidos de os visitar devido à lotação do espaço.
De acordo com os manifestantes, os doentes internados são colocados em macas nos corredores, o que limita a segurança de utentes e profissionais de saúde no local e o seu acompanhamento.
CHTS: “Um hospital não pode fechar a porta aos doentes, por muitos que sejam”
Contactado pelo IMEDIATO, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) confirmou a existência de um “número elevado de doentes internados na urgência e que aguardam cama para a sua adequada colocação”, reconhendo ainda “todo o esforço acrescido e dedicação dos seus profissionais” face à situação.”Um hospital não pode fechar a porta aos doentes, por muitos que sejam”, indica.
A administração do centro hospitalar enumerou alguns dos fatores que levaram à situação vivida nas urgências do Hospital Padre Américo, nomeadamente a “enorme afluência aos serviços de urgência”, que descreve como “completamente anormal em períodos de Verão”, com as “temperaturas extremas” que “originaram complicações em muitos doentes”.
Paralelamente, os hospitais privados com quem o CHTS tem protocoladas camas ao longo do ano “também não têm conseguido disponibilizar as vagas necessárias”, juntando-se as dificuldades de transportes para transferência de doentes devido às corporações de bombeiros da região “estarem alocadas no combate aos vários incêndios um pouco por todo o lado, não havendo equipas nem viaturas disponíveis”.
Segundo a mesma fonte, uma avaria no equipamento de ressonância magnética do prestador privado com quem o centro hospitalar tem contrato estabelecido “impediu que vários doentes pudessem ter alta após avaliação”, situação que se prevê que esteja resolvida esta terça-feira.
“Apesar de se reconhecer a sobrecarga de trabalho que estas situações originam nas equipas da urgência, importa referir que, por exemplo, na área de enfermagem, desde 2016 até ao momento, houve um reforço de 52 para 85 elementos”, refere ainda a administração do CHTS.
De forma a colmatar a situação vivida, foram ainda tomadas medidas “extraordinárias e temporárias e não ideais”, como a alocação de camas suplementares nas alas dos diferentes serviços de internamento e o reativar do serviço de transportes com empresa particular de transportes de doentes.
“Espera-se que no dia de amanhã a situação seja já substancialmente diferente e com um número bem menor de doentes a aguardar vaga de internamento no serviço de urgência”, remata.