Várias toneladas de donativos recolhidos na região partiram de Paços de Ferreira com destino à Ucrânia. A iniciativa de angariação de bens juntou empresas, entidades e a comunidade do concelho, superando as expectativas – e os próprios limites do camião.
No sábado, o ‘camião solidário’ chegou a Lviv, terminando uma viagem de mais de 3.300 quilómetros com início na Capital do Móvel. Regressou a Portugal (muito) mais leve, após deixar cerca de 17 toneladas de donativos na cidade ucraniana, entre os quais alimentos e bens médicos e de saúde.
Se, ao início da recolha, Vera Mendes tinha algumas dúvidas de que fosse possível encher um camião com donativos para a Ucrânia, a solidariedade e prontidão da comunidade mostraram logo nos primeiros dias que esse não seria o caso.
À conversa com o IMEDIATO, uma das sócias da agência digital criativa Imperfect, sediada em Paços de Ferreira, explicou que foram várias as empresas que se juntaram para conseguir cumprir este objetivo, entre as quais o Grupo Martins, Gupe e Ferberto que se disponibilizaram para ajudar na logística do envio, transporte e todas as despesas que acarreta levar um camião até a Ucrânia. A ATL Cash & Carry também aderiu através da doação de bens alimentares.
Em poucos dias, várias outras empresas juntaram-se à iniciativa – 100 Metros, Embalpaços, Inovocorte e a Parfois. Também a Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF) prestou auxílio na divulgação e o seu pavilhão foi o “quartel general” da iniciativa, onde os produtos foram reunidos e devidamente embalados para o transporte para Lviv, com a presença de muitos voluntários no local. “As coisas acabaram por fluir naturalmente, cada um com as suas ideias e capacidade”, indica a responsável pela iniciativa.
A conjugação de esforços fez superar os objetivos traçados pela organização e os limites do camião, que partiu de Paços de Ferreira na tarde da passada terça-feira rumo a Lviv, cidade da Ucrânia onde existe um corredor humanitário.
A recolha aconteceu em articulação com uma associação humanitária e a Câmara Municipal de Lviv, para apurar com precisão as necessidades no local. Devido a uma saturação de donativos de roupa, o camião acabou por sair carregado com principalmente bens alimentares e de saúde, sendo que os donativos que não foram transportados para a Ucrânia vão ficar disponíveis para as famílias ucranianas que vão chegar à região.
“Não é difícil conseguir que as pessoas ajudem. Existe muita gente com material para doar, o problema que surge é exatamente o transporte dos donativos para lá, porque tratam-se de custos muito elevados”, diz Vera Marques ao IMEDIATO.
Com a “missão cumprida” e os bens entregues em Lviv, é altura de “descansar”, mas já se começam a figurar novas campanhas solidárias para o futuro, ainda que com um enfoque diferente: apoiar os refugiados ucranianos que vão chegando ao concelho de Paços de Ferreira e à região do Vale do Sousa.