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A leste da Europa, os ucranianos lutam pela sua terra e pelo seu país. Alguns que vivem fora do país regressam a casa para essa luta. A questão é que as razões que levaram Putin a invadir a Ucrânia e, a seguir, sabe-se lá que outros países, são totalmente inaceitáveis no século XXI, no quadro civilizacional em que, a Ocidente, entendemos estar.

Por isso, a defesa heroica dos ucranianos não é só pela sua terra e pelo seu país. É muito mais do que isso. Tenho para mim que os ucranianos são a tropa de choque, a linha da frente, que luta por eles… mas igualmente por todos nós. Lutam e morrem também pela Europa Ocidental, pelos nossos valores, pelo nosso estilo de vida, pelas nossas conquistas civilizacionais, por tudo isto que é, afinal, o queremos legar aos nossos filhos, às próximas gerações. E que tanto nos custou a conquistar.

É claro que não são todos os russos que defendem o seu tirano, por isso não se pode estigmatizar toda a sua população, sobretudo os que vivem em Portugal, que dele fugiram ou que estão contra as suas hediondas decisões.

Por tudo isso, não posso deixar de me confessar perplexo por saber que existem ainda setores da sociedade portuguesa que estão a favor desta invasão, e da guerra, insensíveis ao massacre de populações inocentes e à tirania, tudo a coberto de uma capa gasta de luta pela liberdade. Porque, afinal, o mundo ideal que representam é o concebido pela mente de Putin e pelo Kremlin, que lhe obedece acriticamente.

Não são verdadeiras as liberdades que nos libertem de uma tirania de direita e nos entreguem a uma tirania de esquerda, ou que nos libertem de uma tirania de esquerda para nos entregar a uma tirania de direita. Ou que nos deixem sujeitas aos caprichos de mentes egocêntricas e malformadas.

Esta é uma lição sobre a qual os portugueses, mas sobretudo as novas gerações que procuram o seu posicionamento político, e por vezes se deixam iludir por certos encantos retóricos dos radicalismos dos extremos políticos, devem refletir profundamente.

Hoje, os ucranianos defendem com o seu sangue valores comuns aos nossos, mas amanhã não saberemos quem mais o terá de fazer, se não tivermos uma sociedade convicta e bem formada sobre o que são os valores da democracia, da paz e da liberdade.

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