Foi uma vitória enorme para o Partido Socialista de António Costa que tem agora toda a oportunidade de governar e de exibir a sua enorme ambição reformista, sem entraves, à frente do país…
Antecipo-me a escrever que já há muitos lugares à espera e não me agrada, entre outros, que Edite Estrela feche a sua carreira como Presidente da Assembleia da República. Não interessa e não conta a minha opinião mas, foi de acordo com ela que votei…
Não sei se não terá havido um grave problema e um grave desencontro entre aquilo que parecia ser uma estratégia vencedora e uma boa estratégia para o país mas, a política portuguesa está a mexer e os resultados eleitorais demonstram bem isso.
Houve vencedores e houve vencidos. No primeiro lote, sem dúvida, está António Costa e a sua maioria absoluta, como bem planeou. Conquistou o centro que Rio desejava e permitiu que o BE e o PCP fossem prejudicados pelo chumbo do orçamento. E que mereciam! Venceu também Cotrim de Figueiredo que terá herdado uma grande parte do eleitorado do CDS e outra, não apreciadora de Rio… Também venceu André Ventura! Confirmou-se o que muitos temiam, e é hoje, tal como pediu na Campanha, o terceiro maior partido português… Venceu ainda Rui Tavares, fundador do Livre que conseguiu entrar no Parlamento. Confio nele, foi uma boa revelação nos debates televisivos…
Estão, do outro lado, os vencidos! Rui Rio que obteve um mau resultado e que, por isso, não virá a ter qualquer influência nos destinos do país. Perdeu também o CDS e o seu presidente que foi excluído do Parlamento e que deixou de ser um partido relevante… Perdeu Catarina Martins e o BE. Confirmou-se o que se previa pois o eleitorado do Bloco reagiu muito mal ao chumbo do Orçamento. Também levei a mal esse facto e agora aceito que o partido comece a discutir a sucessão de Catarina Martins. Não vale tudo! Ser elitista ou arrogante, não podem ser suficientes… Também me cansei desta vez!
Há ainda outros perdedores: o PCP, também penalizado pelo chumbo do Orçamento e o meu lamento pelo facto de bons deputados, como João Oliveira ou António Filipe, não terem sido eleitos.
Quase no fim, Inês Sousa Real, também perdedora porque, como líder, admitiu ir para um Governo de esquerda ou para um Governo de direita… Não é assim! Não vale tudo, por isso acabou com metade da representação no Parlamento.
“Confirmou-se o que se previa pois o eleitorado do Bloco reagiu muito mal ao chumbo do Orçamento. Também levei a mal esse facto e agora aceito que o partido comece a discutir a sucessão de Catarina Martins. Não vale tudo!”
Disto tudo, fica uma quase conclusão: o país rendeu-se ao conforto do que já conhece e o voto útil funcionou! À esquerda, apenas, mas terá sido isso o bastante para dar a Costa uma grande vitória, que parecia difícil há dias… Do mal o menos porque, mesmo que não me agrade muito uma maioria absoluta, isso representará uma espécie de alívio face ao terceiro lugar do Chega que, à partida, parece assustador! Ver uma bancada de extrema-direita passar de um deputado para doze e ouvir André Ventura dizer que “vai ser a verdadeira oposição a António Costa”, isso parece um absurdo!
Vamos ver! Não terei já muito a ganhar ou a perder mas é sempre bom poder seguir tranquilamente, sem grandes receios de aventuras políticas imponderadas… Já não estou para isso!…
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