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Estiveram diante de nós, espectadores mais ou menos atentos, os nove Partidos eleitos nas últimas legislativas. Mais optimistas e entusiastas uns, menos convencidos ou menos capazes, outros. Ninguém ganhou, ninguém perdeu ou, no mínimo, ninguém me convenceu de ter sido realmente o melhor.

No final do programa que passou na RTP, depois de vários outros, mais ou menos animados, ficou a sensação de que o copo está meio cheio. Ou menos vazio… Um dia mais, outro dia menos, tudo parece conduzir a um cenário próximo do difícil de governar… Todos falam, todos gritam e… quanto mais falam mais parece que nada daquilo que dizem interessa para nada… Porque há de tudo, de uma ponta à outra, surge o confronto de ideias que até parece interessante e depois, os sinais das tendências ideológicas actualmente mais bem representadas. É o que me parece, às vezes! Às vezes, parece mesmo haver um Partido Socialista… Um Partido Ecologista…Um Partido Marxista… Um outro Trotskista… Um Partido Social-Democrata de centro direita… Um Partido Liberal… e até um Partido anti-regime… Destes e de outros possíveis, não parece haver espaço ideológico que, no boletim de voto, não esteja representado. Ainda bem ou… ainda mal! Disto tudo e destes partidos todos, não está fácil escolher e, enquanto a democracia for capaz de absorver todas as vozes que se erguem e que culminam no descontentamento popular, o tom áspero de alguns Partidos não abafa a serenidade de outros. Aquilo que temos visto são oito líderes razoavelmente competentes, dentro das respectivas áreas ideológicas e um outro que defende ideias más e que chega para perturbar o sistema…

Depois de todos os debates, a campanha começa a distinguir-se pela diversidade de propostas e pelo elenco das diferentes prioridades. Melhores uns que outros, é possível ficar com a sensação de que o debate político quer chegar à normalidade mesmo que alguns deles tenham sido carentes de ideias e dominados pelos slogans populistas, próximos dos combates de boxe…


“Aquilo que temos visto são oito líderes razoavelmente competentes (…) e um outro que defende ideias más e que chega para perturbar o sistema…”


Continua a não ser fácil escolher e, mesmo a querer ser optimista, apesar da diversidade de propostas, da hipotética riqueza de argumentos, no elenco das prioridades ou no empenho que esta campanha eleitoral começa a proporcionar, o que pode mudar não corresponde, para já, ao discurso dominante. Pela primeira vez, em muitos anos, estamos a querer discutir algumas questões que há muito nos deveriam interessar: a saúde, a educação, a justiça, as alterações climáticas… Tanto, tanto ainda a fazer, a discutir para depois poder fazer. E não é só isso! A mudança do que tem estado mal, não se explica apenas pelos ganhos da credibilidade e pelo discurso fortíssimo que visa a recuperação ou a correcção do que tem estado menos bem. Mesmo assim, apesar de tudo, é bom que se incentive a discussão política e que se preparem os eleitores! Que se incentive o equilíbrio na discussão, entre o Estado e a sociedade, entre o crescimento económico e a redistribuição, entre a esquerda e a direita. A dinâmica de uma Campanha ajuda sempre esse equilíbrio…

Esta é, outra vez, a hora do país reconstruir! O debate político mostra essa tentativa mas continua a haver caminhos em aberto para seguir e cumprir. Mais à esquerda ou mais à direita, falta ainda escolher e, para já, eu não estou optimista…

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