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No dia em que arrancaram as comemorações do centenário de Saramago, deu-se o primeiro passo a lembrar as múltiplas informações que poderão contribuir para a leitura e conhecimento do escritor.
Não importarão muito os imensos cadernos escritos sobre o autor se esse material não permitir aceder ao que é essencial, que é a Leitura. Já aconteceu que o primeiro dia das comemorações começou precisamente por aí, pela leitura em simultâneo de “A maior flor do mundo”, um conto lido por mais de 300 escolas de Norte a Sul do país e por outros locais onde Saramago passou. Incluído no programa do ensino básico, o conto citado é a primeira obra de Saramago com que os alunos se deparam e, é a partir daí que muitos outros encontros surgirão, fugazes uns, outros mais longos e profundos, sobretudo no 12º ano.

Bem sei que na hora de estudar o autor, a riqueza e a complexidade de Saramago acabam por ser uma enorme dificuldade que nem sempre incentiva a leitura e, o que interessa verdadeiramente é mesmo isso: a leitura de Saramago! Sei também que os recursos para atrair os jovens leitores são imensos, desde as peças de teatro às visitas de estudo aos locais onde decorreu a acção mas, mesmo assim, de ano para ano, os que lêem os livros obrigatórios são cada vez menos. Antes, numa turma, eram três ou quatro os que não liam… Agora, bem sei, são dois ou três os que lêem… E tudo deveria começar exactamente por aí, pela leitura.

Hoje, queiramos ou não, a recepção da obra de Saramago começa a ser consensual já que Saramago é, sem dúvida, um autor que bem lido, bem compreendido, aumenta a nossa consciência sobre o mundo e o seu estudo é incontestável. Mesmo que nem sempre tenha sido assim e que para isso se recorde a polémica à volta do “Evangelho Segundo Jesus Cristo” que Sousa Lara vetou…

Apesar disso tudo, Teresa Calçada, a coordenadora do Plano Nacional de Leitura, lembrou muito bem que Saramago “tem uma biografia que ajuda à própria divulgação” e, mesmo que seja possível constatar que hoje se leia cada vez menos, esta comemoração do centenário que começa, poderá e deverá ajudar a ultrapassar a dificuldade maior que hoje se constata: Tudo o que tiver mais de um ou dois parágrafos, é difícil… quase não se lê!

Por tudo isso, é necessário definir desde já um percurso para que se leia, para que se estude, para que se conheça o nosso Prémio Nobel da Literatura. É fundamental!

Apesar dos muitos anos que ensinei, sempre considerei que a Literatura é complexa e exigente. Sempre achei também que, mesmo difícil, é necessária para que os alunos e os leitores em geral, tenham acesso a outros mundos. Ler é uma tarefa que exige silêncios e muita curiosidade, logo, é preciso puxar os jovens e adultos para esse mundo e essa é uma missão dura das Bibliotecas, dos Professores, do Pelouro da Cultura que me parece estar a leste disto tudo…

Já iniciei a minha comemoração do Centenário de Saramago: Publiquei um livro sobre o escritor; recomendei a leitura de alguns dos seus textos mais significativos; acompanhei à distância a plantação na Azinhaga da 99ª das 100 oliveiras para Saramago e assisti/participei no evento Porto de Encontro na Casa da Música no Porto onde, para além de Pilar del Rio, participaram alguns dos nossos escritores, os que já receberam o Prémio Saramago: Gonçalo M. Tavares, João Tordo, Afonso Reis Cabral e outros. Os seus testemunhos, as suas leituras, as suas opiniões, encheram de emoção os mil leitores de Saramago ali presentes. Confirmei ideias, colhi opiniões, recordei passagens dos muitos livros do escritor que admiro. Tudo, porque quero continuar a descobrir Saramago…

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