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De 10 em 10 anos, os censos revelam-se um importante barómetro demográfico e social, permitindo fazer uma radiografia do país e dos movimentos populacionais e sociais que se verificaram nesse período, com impacto direto no território.

Conhecidos os resultados, num inquérito realizado em condições muito especiais e, possivelmente, nunca antes vistas, sendo de assinalar o contributo daqueles que estiveram no tereno, as conclusões merecem uma análise profunda, que não reflete apenas os números (e esses são indesmentíveis), como perspetivam o estado económico, social e territorial das cidades, o diagnóstico às políticas executadas e aquilo que o futuro nos reserva, o que nalguns casos não é propriamente animador.

Quando concentramos a nossa atenção na região do Vale do Sousa, a partir de dados preliminares, constatamos que há efetivamente perdas significativas a nível populacional, que derivarão do potencial de atração dos maiores centros urbanos, bem como de uma incapacidade de fixação de outros municípios, que poderá ser explicada pela ausência de estratégias na gestão pública, nomeadamente em setores como a habitação, a mobilidade, a qualificação e o emprego.

Paralelamente, no contexto distrital, denota-se uma tendência de agravamento deste fenómeno à medida que nos afastamos do litoral e da Área Metropolitana do Porto, o que vem corroborar a tese do movimento populacional para a proximidade das duas principais áreas metropolitanas do país e da costa portuguesa.

Concretamente em Penafiel, identifica-se claramente um desequilíbrio na dimensão percentual correspondente à perda populacional, quando comparado com a média nacional, de 3,6% para 2,0%, o que é por si só um motivo de preocupação e de particular foco. Se em 2011, Penafiel tinha 72 265 habitantes, em 2021 passou a ter 69 687, um decréscimo que, no mínimo, deve alertar para a ponderação sobre os motivos que podem estar na sua origem.

Este cenário torna-se ainda mais relevante no momento em que inferimos que somos o 5º concelho do distrito com maiores quebras no universo populacional, acentuadas pelas assimetrias intra concelhias, com tendência visível para a desertificação de grande parte das freguesias, em contraciclo com o centro da cidade, delimitado entre Penafiel e Croca (com mais 1 e 1,3% de população). Mais a sul do concelho, temos mesmo casos preocupantes, com perdas a rendar os 17 %, relativamente aos censos de 2011.

A explicação para estes factos não pode residir apenas em circunstâncias do território, assentes em questões demográficas, mas deve também atentar para a debilidade/inexistência de equipamentos e infraestruturas capazes de responder à comunidade, sob a responsabilidade do poder local. Bem sabemos das dificuldades das juntas de freguesia em encontrar financiamento para estes projetos, por manifesta falta de colaboração da Câmara Municipal, a que se junta a inércia dos Executivos Municipais que têm governado Penafiel nestes últimos anos, que somados vêm refletir-se no que agora identificamos.

É facto que Penafiel não consegue segurar parte dos jovens que iniciam a sua vida ativa laboral, que sentem necessidade de procurar noutros locais emprego qualificado, como também encontram sérias dificuldades para adquirir ou arrendar uma habitação, no seu processo de emancipação, em virtude da falta de um parque habitacional válido e compatível com os rendimentos das famílias. O mesmo acontece pela mobilidade obsoleta do nosso concelho, sem uma rede de transportes plural e eficaz, que impede que as pessoas possam deslocar-se convenientemente e de acordo com as exigências do seu dia-a-dia.

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