O medo é um dos grandes controladores da Humanidade. Segundo o dicionário, medo é um estado emocional resultante da consciência de perigo ou ameaça, real, hipotético ou imaginário, mas também é a ausência de coragem ou a preocupação com determinado facto ou possibilidade.
No nível biológico e não patológico, o medo opera sob o instinto de sobrevivência, zelando para preservar a vida, a saúde e o bem-estar do indivíduo e da espécie.
Na atualidade, contudo, o medo opera em todo lado. Basta ligar a televisão e colocar em qualquer noticiário ou programa diurno e lá está ele, sob forma de notícia ou desgraça alheia. Depois é vermo-nos sentar ou deixar a televisão a rolar e entupirmo-nos, consciente e inconscientemente, por histórias com tramas sórdidas e mórbidas e esperar pelos efeitos.
Mas quais efeitos? Não são imediatos, mas vão-se adensando em nós em imagens mentais de desgraça, infortúnio, sensações de estarmos a chegar ao final dos tempos. Depois, junte as vozes que da televisão chegam com a raiva e revolta habitual e depois, se nos fosse possível sair do corpo e observar-nos externamente, poderia observar-se a tornar-se agressivo, desencantando, desanimado. Claro que depois podemos, no meio da programação, comprar uns suplementos alimentares e uns seguros de saúde, porque bem que vamos precisar deles!
Se o Covid trouxe um medo tangível, que é lógico e se alicerça no instinto de sobrevivência e proteção, o medo de que falo é diferente e vem de trás. Vem do princípio de que a desgraça vende e, na verdade, vende mesmo! Socialmente, acho que este facto vai beber também ao nosso modelo social individualista, ao conceito já derrubado pela ciência da lei do mais forte, em que vigora o princípio maior de pensar em chegar ao topo. Logo, a desgraça alheia é um excelente termo de comparação para me elevar o espírito!
Só que o medo é um carrasco do progresso porque é amigo da ansiedade, da depressão, da doença, da incapacidade, da falta de autoestima e castrador da criatividade, da felicidade e da realização.
Assim sendo, a ter medo, que seja apenas o necessário e não o que manipula subtilmente, como tem vindo a acontecer na nossa sociedade e meios de comunicação social.
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