Saudade/Contra o medo… esperança!

Leio e escrevo mais já que, neste ano tão difícil que temos de suportar, a leitura e a escrita ajudam a aliviar pesadelos e injustiças que pairam por aí… Este, ainda está a ser o ano em que o mundo teve de travar muitas guerras, uma delas contra o medo que atingiu múltiplos significados. O dos doentes, o dos hospitais, o das famílias… O que ficou gravado para sempre desde que a frase, “Não consigo respirar” vinda dos EUA, se vai repetindo e será para sempre um símbolo global.

Desde os hospitais sobrelotados, às ruas e esplanadas vazias, sente-se mais o apelo angustiado, um grito quase de guerra, vindo dos que têm medo.

Neste último ano, é fácil sentir o sofrimento que se instalou mas também a raiva dos que nada podem fazer contra tantos obstáculos.

Houve, no ano que passou, uma morte que fez aumentar essa raiva! Essa raiva rebentou quando a vida foi arrancada a um homem chamado George Floyd e cuja morte desencadeou uma revolução global.

Das grandes capitais às aldeias escondidas, há gente a protestar, a reivindicar justiça, a pedir socorro. Nessa altura, as pessoas revoltam-se, na sua maioria usando máscara como armadura contra o inimigo transmitido pelo ar. Fazem-no porque têm medo! Mais uns do que outros, aqui e mais longe, luta-se pela igualdade de direitos, luta-se pelo poder de instalar mais respeito ou as mesmas oportunidades.

Sem trabalho, a gente da cultura, músicos e cantores, inventam canções com apelos à esperança. E assume-se o apelo de James Johnson – “Cantem uma canção, cheia de esperança que o presente nos trouxe”, que ficou conhecida em finais do Séc. XIX, como o hino dos negros, na Flórida. Na altura, Johnson encontrou motivos para ter esperança… Também nós podemos ter? Oxalá!

Será bom poder encontrar esperança nos médicos e enfermeiros que trabalham para lá dos limites da resistência para salvarem vidas. Talvez encontremos esperança se aprendermos novas formas de nos ligarmos às nossas famílias. Talvez achemos esperança nos progressos extraordinários, nas descobertas científicas e nas vitórias alcançadas face à pandemia e às horríveis catástrofes naturais. E, talvez seja possível encontrar esperança na mudança que este ano horrível nos venha a trazer…

Talvez haja também uma renovação do optimismo face a um mundo melhor, muito melhor, que sabemos ser possível! Talvez, através dos nosso actos individuais e colectivos, consigamos entrar numa era de mais respeito pela vida de cada um de nós.

Para já, ainda quase nada mudou! Experimentam-se novos processos, novas vacinas promissoras mas, neste campo também, já há atropelos e até trafulhices!

É urgente poder sair do turbilhão em que temos estado e é forçoso verificar se estamos todos onde precisamos de estar para chegar onde queremos ir. Isto, mais ou menos isto, também afirmou Alicia Garza, co-fundadora do movimento Black Lives Matter, no verão passado: “Ainda há esperança de lá chegarmos!”

Será mesmo possível?

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